segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Texto Contra-Capa - Fanzine Edição #09

"Será que há algum mal em ter suas próprias escolhas?
Será que há algum mal em querer o fim da violência contra as mulheres?
Será que há algum mal em não aceitar o erotismo banal na mídia?
Será que há algum mal em lutar por um mundo onde caibam vários mundos?"
(Cosmogonia)

Quanto tempo mais?
Ninguém pode fazer por nós?
Ninguém pode gritar por ti?
Ninguém pode escutar todos esses pesadelos implícitos e claustrofóbicos dentro de si?
Quanto tempo a mais?
O que mais pode ser perdido?
Apostado?
Arruinado?
Destruído?
Essas vozes surdas!
Estas palavras mudas!
Essa pequena parte de mim,
Condena o cérebro por fim;
De quem pode sim fazer por si,
Gritar sem temer, lutar sem perder,
Eternamente eu farei por ti;
Acreditar em si!
É só mais um governo!
É só mais uma legislação!
É como pedir esmola!
É como sair do próprio chão!
Seja modesto?!
Quantas mais precisam morrer ao seu preço?
Qual é a margem de custo?
Pelas marcas e cicatrizes,
E pelo sangue no busto!
O que mais é necessário vender?
Qual é o padrão que se deve seguir?
Olhe para si, sente pena de ti?!
Qual é o padrão de beleza deste mês?
Qual é o fato típico deste ano?
Qual o crime escolhido a se tornar omisso?
Qual a manchete do jornal?
Quem mais? Quantas mais?!
Quem pode me ouvir? Sufoca a mim!
Entendam esses olhos tortos!
Esse sentir que violenta!
Essa prisão violeta!
Entenda qual é a cor ideal!
Entenda que todo tipo de amor é banal!
Não compreendes? 
Quanto tempo a mais?
Não se contenta?
Não se aguenta?
Eu não aguento mais;
Ver-lhe sangrar!
Ver-lhe calar!
Não te vejo lutar!
Quanto tempo a mais por esse nojo súbito?
Somos mulheres com rostos,
Somos mulheres com alma,
Somos mulheres com gosto,
Por nosso livre e espontâneo arbítrio,
Somos mulheres com cérebro como se fosse corpo!
Não somos apenas grãos!
Somos as flores nascidas nos locais mais improváveis!
Liberte-se,
Liberte o grito,
Sufoque quem te aflige,
Não mais calar! Não mais temer,
Liberte-se-à!
Porque violência aqui,
NÃO MAIS!

Por Natalia Capi - Jacareí - São Paulo - Brasil

Texto 2 - Fanzine Edição #09

Exploração Sexual

"Você não pode quebrar meu espírito.

Eu não queria transar com ele. Ele estava entrando e saindo do meu corpo, seu peso me pressionando contra a cama, sua respiração ofegante e molhada contra meu pescoço e tudo o que eu conseguia pensar era que eu não queria transar com ele. Eu nunca o vi em um contexto sexual durante toda nossa amizade. Eu nunca nem por um momento estive suavemente curiosa sobre como seria estar fisicamente íntima com ele. Na verdade, eu nunca o achei atraente. Ele não era um grande amigo, mas um conhecido casual que eu procurava sempre que a Spitboy estava em turnê e tocava pela Bay Area. E foi exatamente assim que eu acabei nessa situação em primeiro lugar. A banda dele estava ticando na Rua Gilman e eu desci para o show para assistí-los ticando. Ele até dedicou uma música para mim e eu não soube disto até que alguém comentou comigo mais tarde na noite. Eu e ele conversamos um pouco durante o show e depois que tudo mundo acabou de tocar, um grupo de pessoas se dirigiu até uma casa punk da localidade para uma festa pós-show. Quando começou a ficar tarde e as pessoas ainda estavam festejando, eu ofereci para ele um lugar para ficar na minha casa. Como ele não bebe, imaginei que seria um saco pata ele ter que passar a noite na casa, onde as pessoas estavam cada vez mais bêbadas e acabadas. Eu não estava bebendo naquela noite, então ofereci para ele um lugar calmo para cair. Nós fomos para meu apartamento e fizemos chá, sem realmente conversar sobre qualquer coisa vital ou importante, só papos bem comuns. Eu expliquei que ele poderia dormir no chão, mas que confiava nele e estaria confortável com ele dormindo na minha cama. Nós fomos para a cama, eu virei de costas para ele e ele encostou-se em mim, com seu braço em volta da minha cintura. Pra mim estava bem estramos aconchegados, então eu não reclamei e nem lhe pedi para que me deixasse. Sua mão começou a esfregar minha barriga e então foi em direção aos meus seios. Eu fiz ele parar e expliquei que não estava afim de sexo, que ficarmos aconchegados estava bom, mas nada sexual. Nós nos deitamos de costas de novo e ele ficou  quieto por um momento, e então sua mão começou a esfregar minha barriga novamente, movendo-se até o meu peito mais uma vez. Desta vez, ele também começou a insistir verbalmente. Eu fiz ele parar de novo, mas depois de um curto momento ele começou novamente. Eu interrompia, ele começava. Para trás e para frente. Finalmente eu desisti. Sucumbi à sua pressão. Eu concordei em fazer algo que não queria fazer. Durou alguns poucos minutos, e depois ele rolou de cima de mim e eu coloquei meu pijama novamente, me afastei para bem longe dele e nunca mais falei disso até agora. 
Parte desta coluna foi inspirada pela Arwen Curry na Maximun Rock N'Roll #247, onde aborda a questão de confrontar estupro e abuso sexual na cena punk. Se você não leu o artigo dela, por favor leia. Ler o artigo levantou muitas questões para mim que envolvem o que as mulheres consideram abuso sexual e o que elas consideram o fardo para toda vida de ser uma mulher. Os comentários indesejados, o ocasional toque/agarro anônimo em um show lotado, os bêbados desajeitados numa festa... são estes aspectos de ser uma mulher que nós todas simplesmente teremos que esperar? Se alguém agarra a bunda de uma mulher num show, a banda vai parar de tocar e todo mundo vai para o show, pegar o agressor e chutá-lo para fora e falar para que ele nunca mais volte? Rotulá-lo como alguém que abusa sexualmente as mulheres e deixar claro que ele é indesejado na cena punk? Ou o show apenas continua seguindo? Infelizmente, eu estive em muitos shows onde uma mulher recebeu contato sexual indesejado e os shows sempre seguem noite adentro. Ler o artigo da Arwen também trouxe à tona questões que me fizeram agonizar durante muito tempo. Existem homens na cena punk que conheço e que abusaram sexualmente de mulheres. Existe um cara de uma banda que chorando me contou sobre como ele transou bêbado com uma menina em um jardim, e ela estava chorando e obviamente não estava fim daquilo e ele fez do mesmo jeito. Tem o cara que está direto na MTV, que me contou sobre como costumava deixar as garotas demasiadamente bêbadas e então fodia elas. Ou o cara que leva o selo de discos que levou uma amiga minha para casa quando estava bêbada e mesmo quando ela disse não repetidas vezes, assim assim ele a forçou. Ela descreveu graficamente para mim como estava dizendo não, enquanto ele forçava passagem para dentro do corpo dela. Estes são homens de bandas que você reconheceria instantaneamente. Homens bem considerados e respeitados na cena punk. Homens que escrevem para fanzines que você lê. Todos esses eventos que foram compartilhados comigo aconteceram muitos e muitos anos atrás, e alguns poucos homens demonstraram profundo remorso, arrependimento e culpa sobre o que aconteceu. Então isto é um motivo para me manter em silêncio? Estes homens serão banidos da cena punk e colocados para sofrer da mesma maneira que as mulheres que eles estupraram sofreram? Até onde posso dizer por todas as vezes que essa questão foi levantada na cena punk, não. Não, eles não irão perder nada de sua auto-estima e valor na cena punk. Não, eles não serão exilados e punidos. Na minha situação que descrevi anteriormente, tudo o que eu queria era aconchego, ter um amigo dormindo perto, ter a chance de conversar e oferecer um lugar seguro para cair e para que ambos, confortavelmente, caíssemos no sono. Ao invés disso, fui manipulada e coagida a fazer sexo com alguém com quem eu nunca quis. Eu poderia ter dado um soco nele, um tapa, gritado por socorro, empurrado ele para fora pela porta, pedido que dormisse no chão... eu tive opções. Mas estava fraca e ele forçou caminho entre a fraqueza até que conseguiu o que queria. Eu penso em todas mulheres por aí afora, que lutaram para encontrar voz para dizer NÃO. As mulheres que disseram não e tiveram isto desconsiderado. As mulheres que desmaiaram bêbadas em festas e acordaram durante seu estupro. Os momentos em que estamos vulneráveis e essa vulnerabilidade é explorada. Às vezes em que estamos fracas e que esta fraqueza é usada contra nós. Eu fico tão desestimulada e aborrecida, imaginando como isto pode chegar ao fim. Mas eu também penso nas vezes em que as mulheres que conheço foram mais fortes do que eu jamais imaginei que um ser humano podia ser. Quando a palavra NÃO foi gritada para fora, para o mundo, para que todos ouvissem e respeitassem. Quando as mulheres se negaram a ser vitimizadas e se negaram a ser manipuladas; eu abraço os momentos em que nós como mulheres, nos movemos através do mundo com uma poderosa força e graça que irradia de nós como ondas de choque. Vivenciar esta experiência me ensinou que eu nunca, jamais, quero me sentir daquele jeito de novo. Ensinou-me o poder de dizer não e me deu força para encontrar uma forma de dizer não de maneira firme. Desde aquela experiência, eu nunca mais permiti que alguém me manipulasse para o sexo. Quando eu digo sim, é porque eu quero dizer sim. Eu gostaria nunca ter vivido aquela experiência sexual, mas eu consegui pegar a dor e transformar em raiva. Eu peguei aquela fraqueza e a transformei em força."

Paz/Igualdade, Adrienne. 

*** Esta coluna é escrita por Adrienne Droogas, ex-vocalista da banda SpitBoy.

O texto acima relata um caso de abuso sexual ocorrido dentro de um movimento específico, porém é válido ressaltar que essa mesma exploração não existe somente dentro desta cena, destes shows ou destas festas. A exploração sexual sobre uma mulher existe em diversos espaços de socialização, uma vez que o machismo ainda prevalece fortemente no século XXI, às vezes subjetivamente ou como na maioria das vezes, claramente. Seguimos na nossa luta para que nenhuma agressão fique impune, para que nenhuma mulher seja abusada por ter bebido demais ou apanhe de seu companheiro quando chega em casa, para que todas as mulheres possam e consigam dizer NÃO, mesmo nos momentos nos quais estejam fragilizadas e, dentre muitos outros motivos, para que todas nós mulheres possamos um dia ter uma uma vida completamente emancipada e livre de submissões.

Texto 01 - Fanzine Edição #09

Parto Humanizado

Na maioria das leituras que fiz para produzir este texto, vi o termo "parto humanizado" muito relacionado com o "parto domiciliar" e com o "parto natural", motivo pelo qual irei focar neste aspecto da questão.
Acredito na profunda relação entre estes termos no sentido de que, humanizar inclui - entre outras coisas - a autonomia da escolha pelo tipo de parto pela gestante; o que temos hoje é uma taxa altíssima nos índices de partos cesáreas no Brasil (em torno de 44%, sendo que a recomendação da OMS é que não ultrapasse 15%). Um número ainda mais alarmante é o de partos cirúrgicos nos hospitais privados, que chegam a quase 85% em relação aos partos naturais.
Defendo a posição de que é um direito das mulheres escolherem pelo parto cesariana ou natural, ou ainda pelo parto realizado em casa, mas o que é imprescindível é que estas sejam informadas de todos os benefícios e riscos de AMBAS as práticas! E a realidade é que as cesáreas envolvem muito mais riscos tanto para o bebê quanto para a mãe, como também a maior ocorrência de hemorragias e infecções, problemas de cicatrização, além da possibilidade de laceração dos órgãos da mãe e até mesmo do bebê, durante o corte do útero. Por conta de todos estes riscos, a taxa de morte materna em partos cesarianas é em torno de 3,5 vezes maior do que em partos normais.
Mas então, por que a taxa tão alta de partos cirúrgicos? Como quase tudo neste país capitalista em que vivemos, a base está na questão ECONÔMICA! A realização do parto natural e do parto domiciliar exigem profissionais com domínio de técnicas para este tipo de atendimento, porém um parto realizado em casa, por exemplo, demanda muito mais tempo do que uma cesariana; além do que, esta última é  ais cômoda para a equipe médica, visto que é agendada com data e horários certinhos. Vemos aí um total desrespeito com o corpo tanto materno quanto do bebê, já que se corre o risco de retirar este do útero antes dele estar pronto para isso; situações onde ambos (mãe e filhx) são saudáveis, é a natureza quem deve decidir a hora do nascimento.
Concluindo, não acho que as cesáreas são totalmente contra-indicadas, até porque em muitos casos ela pode ser o único meio indicado para determinada gestante; o que tento esclarecer aqui é que na maioria dos casos ela é indicada por simples COMODIDADE por parte da equipe médica.
O parto natural e domiciliar oferece inúmeros benefícios para a gestante/criança, tais como uma melhor e mais rápida recuperação, deixando a mãe mais tranquila e favorecendo a lactação; redução de riscos de infecção hospitalar; menor dor pós-parto; além de proporcionar maior vínculo emocional e materno entre mãe e filhx.
Seguem algumas situações nas quais são indicadas as cesáreas:
- Desproporção Céfalo-Pélvica: esta denominação complicada indica que a cabeça do bebê é maior do que a passagem vaginal da mãe;
- Quando o bebê está atravessado no útero;
- Gestantes portadoras de HIV (o parto é o momento de maior troca sanguínea entre mãe e filhx, então a cesárea diminui o risco de infecção da criança);
Estes são apenas ALGUMAS das situações onde são indicadas as cesáreas, porém é importante consultar especialistas de confiança e procurar o maior número possível de informações sobre as opções de parto, para que esta seja uma escolha CONSCIENTE e favoreça a saúde de todos os envolvidos.

terça-feira, 24 de julho de 2012

NEURÓTIKA'S FEST IV!

Comemorando mais um ano de luta, resistência e ativismo feminista/libertário, o Coletivo Neurótika's convida a todos pra comparecer à este evento!



quinta-feira, 19 de julho de 2012

Texto de Contra-Capa - Edição #08

FEMINISMO PELA ANARQUIA!

Enquanto as mulheres ainda sofrem discriminação e muitas vão à luta por seus direitos, pouco se ouve falar a esse respeito em mídias de cunho libertário, com exceção das próprias publicações feministas.

Claro que a luta libertária em si já envolve a luta pelo direito das mulheres, no entanto, em um sistema claramente machista no qual nos encontramos, torna-se necessário dar mais atenção à luta feminista, dando mais apoio e cobertura para suas ações.

Fortificando o apoio ao feminismo, consequentemente se fortalece a luta libertária, quando estamos tratando de extinguir hierarquias (sejam estas patronais, estatais ou de gênero) e buscando o respeito mútuo.

O movimento operário libertário, por exemplo, em seu molde sindicalista, busca romper com a verticalidade trabalhista e obter novas formas de produção sem monopólios, atingindo assim a liberdade do(a) trabalhador(a). Muito se ouve falar do dia 1º de Maio, um grande marco na luta social, que foi responsável por grandes melhorias na vida dos(as) trabalhadores(as). Mas, ao longo do ano, pouco se ouve à respeito do dia 8 de Março, quando mulheres reivindicaram seus direitos e foram assassinadas de uma forma brutalmente covarde, queimadas na fábrica onde trabalhavam.

O que podemos notar com isso é a falta de cobertura à luta feminista, sendo que a sociedade ainda está sob a péssima influência machista.

Se queremos camingar rumo à liberdade e ao fim das desigualdades então temos que apoiar e fortalecer a luta feminista, para que mulheres e homens possam caminhar com igualdade ao longo dessa estrada que nos levará ao nosso objetivo: a emancipação social!

POR: T@P@ ATIVISMO

sábado, 14 de julho de 2012

Texto 4 - Edição #08

BLOGS. Indicações de

- anarkio.net
Blog anarquista que relata diversos acontecimentos, notícias e outros links da mesma esfera de ideologia.

- antifariots.blogspot.com.br
AntifaAriots é um coletivo feminista/anarquista de São Paulo. O blog fala sobre os diversos tipos de fascismo e opressão que existe no mundo atual. Há também dicas sobre coisas que você mesmo pode fazer em casa na modalidade "Faça você mesmo", além dos fanzines feitos por elas que podem ser baixados pela internet.

- aqueladeborah.wordpress.com
Blog de uma ativista autônoma de 25 anos chamada Déborah. Neste, com sua percepção feminista, ela retrata diversas experiências e lutas que já viveu e vive, além de algumas das particularidades de sua vida como ativista.

- ativismodesofa.blogspot.com.br
Blog Ativismo de Sofá fala sobre diversos assuntos relacionados às mulheres, feminismo, LGBT, meio ambiente e mais. Acreditando que a internet é uma grande ferramenta de informação, utilizam o blog para repassar diversos acontecimentos, opiniões, denúncias e reivindicações.

- bibliotecafeminista.org.br
Faz parte da Universidade livre Feminista e possui em seu acervo conteúdos complementares ao curso, bem como qualquer obra de cunho feminista.

- blogueirasfeministas.com
O site fala sobre as diversas mobilizações e ações feministas que acontecem pelo mundo. Ainda disponibilizam uma página que possui diversos links de sites para se aprofundar no assunto.

- coletivoemancipar.blogspot.com.br
Coletivo Emancipar é um Coletivo Feminista de São Paulo. O blog retrata as ações eventos realizados pelo Coletivo, além dos seus fanzines para leitura.

- coletivofeminista.blogspot.com.br
Blog do Coletivo Feminista da UNICAMP (Universidade de Campinas), que fala sobre os diversos pontos da luta feminista e contém links relacionados ao tema para maiores informações. Além disso, são divulgadas todas as atividades realizadas pelo Coletivo.

- stayfemale.blogspot.com
Blog que divulga várias bandas de mulheres ou que tenham pelo menos uma mulher na composição. Há vários tipos de som e de diversas partes do mundo.

- tapaativismo.blogspot
T@p@ @tivismo é um Coletivo de punks anarquistas ativistas de São Paulo. O blog possui vários textos feitos pelos próprios integrantes do Coletivo, claro partindo de uma concepção anarquista/libertária, notícias sobre vegetarianismo e movimento punk.

- oourodamiseria.blogspot.com
Blog que possui a arte da poesia, feita a próprio cunho e criatividade de um ser humano punk.


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Texto 3 - Edição #08

DISTINÇÃO

Estava passeando em um centro cultural de SP e vi um cartaz em um cavalete, escrito: "O que você tem de masculino?", uma pergunta convidativa que fazia parte de um projeto que resultaria na elaboração de um livro... algo sobre gêneros.
Com um caderno e uma caneta ali disponíveis ao público, pensei em facilmente responder à questão, afinal, como anarquista há muito de masculino e feminino em mim, há muito da existência humana. Mas qual não foi minha surpresa ao travar diante da folha branca, não sabendo o que exatamente escrever.

O que é masculino? O que é de homem? O que não pode ser de uma mulher? Pensei sobre isso uns 5 minutos, tentanto de alguma maneira encontrar uma resposta qualquer... mas da minha cabeça nada saia.
Digeri a pergunta melhor e entendi que, pra mim, o que diferencia o gênero masculino e feminino é apenas o sexo, o fisiológico, o pênis e a vagina.

Homem = Pênis, portanto pertence ao gênero masculino.
Mulher = Vagina, portanto pertence ao gênero feminino.

Pronto, somente isso que nos diferencia! De resto, todas as diferenças nos foram, e são impostas pela ideia alheia, pela família, pelos costumes.

Quando ia responder à pergunta de imediato, logo pensei nos momentos em que sento com as pernas abertas, em que tiro a camisa quando está calor, nos dias em que saio de casa com a total ausência de vontade de me apresentar de forma "apresentável" [vulgo arrumada], da VONTADE E PAIXÃO POR ESPORTES DE CONTATO...

Isso tudo não pode ser masculino!

Assim como gostar de cozinhar, falar baixo, sentir prazer em cuidar do corpo/aparência não pode ser feminino!
É TUDO HUMANO! Tudo vontade, necessidade e prazer humanos.

Qual a necessidade de distinguir o masculino do feminino?

Banheiros separados [se forem individuais (atendendo à privacidade mínima), qual o problema de se ter um banheiro misto?]
Roupas diferentes [qual o problema de um homem usar saia? Qual o problema de uma mulher usar calças largas?]
Costumes diferentes [por qual razão as mulheres sentam com as pernas fechadas (será que o contrário seria um convite a um olhar malicioso?) ? Por que homens podem tirar a camisa se o calor que sentimos é o MESMO?!]
Grupos de amigxs separados [mulher não pode ouvir conversa de homem e vice-versa? Será que realmente falam de assuntos distintos e proibidos da ciência do gênero alheio?]
Brinquedos diferentes [os que incitam à passividade e submissão para as meninas e os que são de ação e esportes para os meninos]
Cumprimentos diferentes [mulher pode (e deve) cumprimentar as do mesmo sexo com beijo, e homens, por que não??]

Não vejo motivo, razão, lógica para tanto separatismo.

Se somos todxs iguais perante a lei e o estado, por que também não somos iguais na sociedade? Por que nos tratamos diferente? Por que nos deixamos ser tratados diferentes?




Texto 2 - Edição #08

VIOLÊNCIA

As pessoas que formam nossa sociedade acreditam cegamente que a ação violenta parte do ser humano que não possui caráter ou boa índole. Mas seria mesmo uma questão de caráter e boa índole ou uma questão da realidade do mundo em que vivemos?
Observando por uma visão de sociedade mais ampla e se repararmos na situação do mundo hoje, poderiamos analisar a violência de outra maneira. De uma forma que culpe menos o ser humano e entenda um pouco mais sobre as consequencias que o sistema no qual vivemos hoje nos traz.
No século XVIII com a Revolução Industrial surge o Capitalismo, sistema no qual o capital prevalece e sua principal consequência é a desigualdade. Desde então surgiram duas classes sociais: a burguesia (ricos) e a trabalhadora (pobres). Mas em que o sistema capitalista está relacionado com a violência? Em TUDO.
Mediante à imensa desigualdade social, as pessoas de classe baixa são obrigadas à roubarem para conseguir dinheiro e assim realizar algumas de suas vontades. Parece até mentira, mas se você imaginar uma sociedade igual, sem diferença entre rico e pobre e se todas as pessoas pudessem ter acesso a tudo o que produzem e trocassem esses produtos com aqueles que produzissem algo diferente dele, não haveria a necessidade das pessoas roubarem o que é seu, pois todos iriam produzir e trocarem por aquilo que não tem, em um consenso geral. Exemplo: eu cultivo arroz e colho cerca de 2kg por dia, porém eu e minha família consumimos somente 1kg. Você produz feijão e colhe cerca de 2kg por dia, mas só consome 1kg por dia. Então eu troco 1kg de arroz com você por um 1kg de feijão e ambos teremos arroz e feijão todos os dias para comer. Conclusão: teríamos acesso ao que produzimos e, eu e você, conseguiríamos trocar nossa produção e nos manter com elas sem a necessidade de roubar o seu feijão e você o meu arroz. (Obs: este é um exemplo bem simples).
Porém a violência não se resume à roubos. Existem violências físicas, psicológicas, raciais, sexuais, discriminatórias e diversas outras. Claro que esses outros tipos não serão resolvidos na base de troca entre arroz e feijão, mas elas também possuem ligação com o sistema em que vivemos.
A raiva e o dinheiro, que regem o mundo, são algumas das grandes causas de tanta violência, pois na medida em que você não tem renda, chega em casa e vê suas contas vencendo, sem dinheiro para pagá-las, sua principal reação será a raiva ou o desespero, e algumas pessoas se rendem ao roubo ou até mesmo ao tráfico para conseguir dinheiro. A raiva ainda pode resultar em violência doméstica, pois você sente a necessidade de descontar o que sente em alguém, o que consequentemente se torna também violência psicológica.
As ações humanas não partem simplesmente de vontade, existe uma grande influência da vida sobre elas. Lembre-se do massacre das crianças na escola do Realengo há um tempo atrás, que ocorreu no Rio de Janeiro. Muitos dizem que aquele homem que entrou na escola e matou cerca de 10 crianças era louco, mas se analisarmos com outra concepção podemos pensar que ele fez tudo aquilo talvez por ter sofrido bulling quando era criança, e estudava naquela mesma escola, o que também é uma forma de violência e deixou grandes marcas na vida dele. O massacre foi um caso de violência gerado por outro tipo de violência sofrida pelo agressor quando menor.
Temos também a violência sexual e um exemplo claro é o estupro. Neste caso, além do grande machismo existente no mundo e do fato das pessoas ainda acreditarem que "mulheres são estupradas por conta do short curto que usa", existem homens que violentam mulheres pela grande pressão psicológica de um mundo que crê no ditado: "o homem só é homem quando transa, nem que seja a força, com a maior quantidade possível de mulheres", ou mesmo por alguma frustração/discriminação sofrida enquanto criança, por exemplo: "ah ele é bixinha porque não catou a menina", o que também deixa marcas e ele só conseguirá tomar alguma providência quando maior. Por mais que demore, todas essas frustrações terão influência em alguma ação realizada por essa pessoa, seja ela violenta ou não.
Eu poderia citar mais milhões de exemplos de todos os tipos de violência, seja racial, física, discriminatória, etc. Porém a questão tratada é: todo tipo de violência é gerada por um contexto de vivência e tem ligação direta com o mundo no qual vivemos, pois se este não fosse gerido pelo dinheiro, o que consequentemente cria a ganância em querer estar "bem de vida", as ações humanas, por estarem em um mundo IGUAL e sem discriminação, iriam ser diferentes e nenhum contexto de vivência tão ruim ao ponto de gerar violência, influenciaria sobre as ações dos humanos.
Claro que a violência e o mundo não se mudam de uma hora para outra, mas se a sociedade se informar mais e deixar de culpar o ser humano, será possível ocorrerem mudanças em tudo o que nos influencia hoje.

INFORMAR PARA PODER ATUAR!


Texto 1 - Edição #08

Já pararam pra pensar que a culpa da violência é sempre da mulher?

Pois é, eu mesma já ouvi isso diversas vezes.

"Nossa, mas ela foi estuprada? Também, devia estar andando sozinha na rua e ainda à altas horas da noite..."
"A Joana apanhou do marido? O que será que ela fez?"
"Mexeram com você na rua Lúcia? Você estava com aquele vestidinho super curto de novo, não é?"

Você também já deve ter ouvido por aí algumas frases como essas.

Os responsáveis pela violência/assédio sexual/moral não são as suas vítimas! Uma mulher tem o pleno direito de ir e vir para o lugar de onde desejar e a hora que bem entender, tem o direito de expressar suas opiniões sem ser agredida por maridos/companheiros, e pode se vestir da forma que julgar necessária. Os verdadeiros culpados são aqueles que não respeitam a liberdade da mulher, que se acham seus donos. Os culpados são os estupradores, sequestradores, assassinos que cometem esses atos de violência.
A mulher não tem que carregar nas costas a culpa por uma sociedade sem segurança pública (nem preciso comentar sobre o nosso sistema podre e falido), e onde o machismo impera até os dias de hoje.
Não é justo que nós tenhamos que pagar o preço pela ignorância alheia. A sociedade precisa parar de jogar em cima da mulher a responsabilidade por atos violentos cometidos por terceiros!

Lutamos pelo direito à liberdade e segurança da mulher!


domingo, 1 de julho de 2012

Capa - Zine #08

Texto de Contra-Capa - Zine #07

MAQUIAGEM OU MÁSCARA?

A maquiagem bem como alguns acessórios, atualmente são itens obrigatórios na roupagem de uma mulher. Motivo?
Ficar mais bela, sexy, esconder algumas imperfeições naturais e chamar atenção para partes específicas do corpo.
Abri os olhos ainda há pouco, é verdade. Mas consegui ver quanto tempo já gastei para compor um "look perfeito", combinando esmalte, maquiagem, acessórios (brinco, colar, pulseira, cinto) e afins... afinal, pra que tudo isso? Qual a razão? Não se aceita do jeito que é? Com espinhas, marcas de expressão, cicatrizes? Não se acha bonita? Quer atingir o padrão do que é considerado belo? Isso não é correto!
Veja que não sou contra a mulher se maquiar, usar os acessórios que deseja; mas sim contra o real motivo. A faz sentir bem? Ótimo! No entanto se você se arruma assim para aparentar algo melhor, ou por medo de te verem como de fato é... acho que deve rever alguns conceitos!
Aceite-se do que jeito que é e os outrxs aceitarão também.
Se o que ainda importa é o sentimento puro, este vem com ou sem maquiagem, com ou sem roupas da moda, com você sendo ou não um outdoor de tudo o que exatamente não é!
Não tenha medo de se assumir, não tenha medo de aparentar o que você realmente é!

***Texto super válido também para homens (não tenham medo/vergonha de apreciar a beleza natural!!!).

Texto 5 - Edição #07

LUGAR DE MULHER É NA REVOLUÇÃO! E DE PIRIGUETE?

Eu gostaria que essas palavras, ao invés de escrita, fosse dita pessoalmente pra cada pessoa que viu o ocorrido. Mas como o mundo dá volta, isso é impossível na minha atual situação.
Em setembro passado a banda The Adicts esteve em Sampa novamente. O evento foi bacana, com bom público e blá blá blá. Isso todo mundo sabe e nem interessa. Aliás, nem sei porque tô perdendo tempo falando sobre o evento. O que realmente importa é o motivo pelo qual falo com vocês, foi o que rolou durante a música "Naughty Girl". Nesse som, o gatíssimo (e eleito o cara mais sexy do mundo por duas dúzias de xerecas piscando) vocalista da banda, o Monkey, chamou algumas garotas pra subirem no palco e dançarem. E lá fomos nós em direção ao palco.
Mas não foi tão fácil como vocês imaginam. Estamos acostumados a colar nos sons e ficar lá pagando de decoração ou desfilando nossos dotes físicos pra lá e prá cá, ficando só na admiração dos gatinhos punks no móxi piti. Então pra subir no palco foi complicado precisamos da ajuda da equipe de seguranças, que empurraram a gente palco acima e ainda tiraram uma casquinha esbarrando em nossos peitos e bundas (sem pobrema!).
Já no palco, logode cara começamos a danças sensualmente, tentando mostrar que se a gente não se garante com o cérebro e nem no móxi piti, pelo menos no rebolado somos foda! Pra algumas, só faltou aquele poste que tem em boate de strip. Nesse momento, percebo olhares de reprovação vindos da plateia 9e també de tesão... eu acho). Mas foda-se, o lance era tirar uma casquinha com o Monkey. E aí o bicho pegou!
Conforme a música ia rolando, as xerecas começaram a ficar atacadas e de repente várias começaram a se esfregar no cara, era mina beliscando, passando a mão e num piscar de olhos começou uma fila pra ver quem conseguia enfiar a língua na boca dele. E esse bacanal rolou até o fim da música, quando fomos convidadas a vazá do palco. E como somos umas panacas, nem pra descer rolando nóiz foi capaz, tivemos novamente a ajuda da equipe da banda e dos seguranças (e mais algumas bolinadas... sem pobrema!).
E você que tá lendo isso deve tá pensando porquê tô explicando essa fita? Então, fizemos esse papelãp porque apesar de falar mal da mulher melancia/melão/banana/abóbora/tomate/tofu/alface, das dançarinas de axé e das escolas de samba que balançam suas bundas, das minas que usam fotoxópi pra aparecerem peladas na revistas, da imposição de padrões de belezura fora da realidade, das barangas que são modelos, das putas que ganham a vida metendo (ganhando dinheiro fácil ao invés de arrumar trampo decente, né não?), apesar do nosso discurso feminista/anarquista/libertário/igualitário, somos apenas piriguete!
Nunca fomos Punks! Não gostamos de ler (só vale ler recado nas páginas das redes sociais), não pensamos, não usamos o cérebro pra produzir algo útil, não escrevemos em blogs ou zines (só recados nas páginas das redes sociais), não montamos bandas, não apoiamos e nem participamos ativamente da cena, quase não colamos nos rolês, apenas parasitamos no rolê. Ficamos felizes em cuidar da vida dos outros, de procurar roupas pra fazer o visu mais espalhafatoso raw droog pin up do rolê, de fazer fofocas, de olhar com desdém pras minas que são correria e de ficar tirando foto fazendo cara de lambisgóia. Ficamos felizes em ser mina de algum punk, e em alguns casos, de ser o saco de pancada e o seu depósito de porra. Pra gente, isso basta.
Somos uma farsa! Usamos o punk pra autopromoção, pra xocar amiguinhos da escola e vizinhos, pra xocar papis, mamis e família. Pagamos de algo que muita gente leva a sério e rala por isso, enquanto nóis não entendi nada e só repeti umas falas manjadas e zuamos o barraco. Porque é só tricar uma ideia de leve com a gente pra vê que nóis é vazia, pra vê que nóis é piriguete. E na boa, se pá nem queremos mudá essa situação, porque informação é fácil conseguir, falta é vontade mesmo.
Enfim, nem todas que tavam no palco são assim, e elas representam. Mas uma boa parte que tava, se pá a maioria, são piriguete. Imagina em quanto rolê algum cara veio trocar ideia, querendo ficar e as mina foram logo com aquele papo de respeito e tals? Ou então não quiseram ficar com o cara porque acharam que era feio.
Bom, já disse no início que gostaria de falar essas fita pessoalmente, mas não é possível por motivo de força maior. Mas espero que esse canal que usei tenha sido o suficiente pra esplicar ou talvez começar um debate sobre algumas atitudes que muita mina costuma ter no rolê.
E só pra constar, peço desculpa pelos erros de português e de concordância. Mas como não leio, tenho dificuldade pra escrever. So
Jujuba HC Raw Droog 77 faleceu na noite de 11/09/2010, quando retornava da apresentação da banda The Adicts. Segundo testemunhas, a jovem piriguete olhava as fotos da esfregação que rolou no palco com o vocalista da banda, quando caiu dentro de um bueiro destampado e morreu afogada na mistura de lama e entulho que lá estava.
Em depoimento à polícia, testemunhas disseram que as piriguetes que acompanhavam a falecida demoraram em socorrê-la, priorizando o salvamento da câmera fotográfica, onde constavam dezenas de fotos de várias piriguetes em total esfregação com o vocalista da banda citada.u burrinha mesmo!

Paz!

Jujuba HC Raw Droog 77

Carta psicografada pela médium Dis Graça da Cruz

Jujuba HC Raw Droog 77 faleceu na noite de 11/09/2010, quando retornava da apresentação da banda The Adicts. Segundo testemunhas, a jovem piriguete olhava as fotos da esfregação que rolou no palco com o vocalista da banda, quando caiu dentro de um bueiro destampado e morreu afogada na mistura de lama e entulho que lá estava.
Em depoimento à polícia, testemunhas disseram que as piriguetes que acompanhavam a falecida demoraram em socorrê-la, priorizando o salvamento da câmera fotográfica, onde constavam dezenas de fotos de várias piriguetes em total esfregação com o vocalista da banda citada.


Escrito por: TREVA

Texto 4 - Edição #07


Preconceito no Mercado de Trabalho

Século XXI. Difícil de acreditar e pior ainda de aceitar essa situação.

Muitas pessoas acreditam que a humanidade avançou em termos de igualdade social, superação de preconceito, etc.

Eu não acredito nisso.

Frente à uma situação ocorrida há algum tempo atrás, ando me perguntando algumas coisas: QUANDO vamos realmente ter uma sociedade com oportunidades iguais para todos?

O procenceito no mercado de trabalho AINDA EXISTE e é muito forte! Discriminação contra aqueles que não estão no padrão "corpinho de modelo", contra quem usa piercings e tatuagens, deficientes, negros, enfim... a lista é imensa.

Isso sem contar as mulheres que ainda hoje recebem salários inferiores aos dos homens para exercer o mesmo cargo! E aquelas pessoas que já passaram dos 35 anos que são julgadas velhas e improdutivas.

Muitas empresas antes mesmo de conhecer um candidato a sua vaga, já o descarta se possuir alguma - ou mais - características citadas acima;

A cor da pele, o biotipo físico, se o cabelo é enrolado ou liso, nada disso faz de um indivíduo menos capaz do que o outro. Afinal somos seres humanos e não máquinas fabricadas em série!

Texto 3 - Edição #07

Uma difícil questão é falar de educação

Mediante a alguns fatos, fica clara a crise na educação em pleno século XXI.
Assassinatos em escolas, má qualificação dos professores, falta de interesse dos alunos por consequencia de ações da própria escola, são alguns dos fatores que propiciam essa crise.
O papel da escola é ensinar e formar pessoas que saibam no mínimo ler e escrever. Ensinar sobre acontecimentos atuais e históricos de uma maneira livre, para que assim essas pessoas consugam formar uma opinião própria sobre ideias políticas ou não. Mas qual o papel da escola hoje? Quase nulo.
Os alunos não sentem mais segurança e motivação para frequentar a escola e atividades culturais que poderiam entreter e motivar são sempre excluídas da programação.
Passou a ser comum assistirmos em noticiários que diretores ou professores abusam de sua autoridade e agridem alunos; há algum tempo atrás houve mortes no Rio de Janeiro, alunos que sofrem preconceito e discriminação nos corredores e salas de aula; o Governo proporciona material de apoio com erros graves de português e para finalizar os dados do MEC não cada vez mais decadentes.
A tendência do mundo é cada vez mais aumentar as informações com a tecnologia, portanto as pessoas necessitam de aprendizado, porém a base ainda está na escola e se esta for falha só quem tiver condições financeiras de estudar com qualidade acompanhará, enquanto o restante será considerado mão-de-obra barata.

REVOLUÇÃO NA EDUCAÇÃO É O QUE TODOS PRECISAM!

Texto 2 - Edição #07

CÂNCER DE MAMA E MASTECTOMIA

Esse geralmente não é um assunto muito tratado em fanzines, por isso achei interessante trazê-lo à tona.
O câncer de mama é uma doença que acomete muitas mulheres, principalmente as de idade superior à 45 anos, porém vem sendo cada vez mais comum mulheres mais jovens diagnosticadas com este tipo de câncer.
viver com uma doença que está ligada à muitos estigmas, às incertezas do tratamento e à possibilidade de voltar a desenvolver um tumor são alguns dos maiores medos enfrentados por essas mulheres.
Um dos métodos mais cimuns para o tratamento do câncer de mama é a mastectomia, apesar de ser um meio muito radical, pois esta é uma cirurgia de retirada total ou parcil de uma ou das duas mamas (dependendo do caso).
Essa cirurgia altera muito o psicológico da mulher e a forma como ela vê próprio corpo. Muitas enfrentam o distanciamento dos parceiros, a indiferença com que são tratadas pela equipe médica durante o tratamento, entre outras situações.
Estudando um pouco mais relatos de mulheres mastectomizadas, pude perceber quantas barreiras estas enfrentam e como falta incentivo para  a população feminina de como agir para evitar ou diagnosticar a doença antes de atingir um estado avançado.
Por isso mulheres, cuidem-se! Dêem atenção à saúde e façamo auto-exame todos os dias tocando o seio com os dedos e não deixe de realizar exames de rotina. Quanto mais cedo descoberto maiores são as chances de cura!

Texto 1 - Edição #07

MÃES DE MAIO

O movimento Mães de Maio é uma união de mães, familiares e amigo de vítimas da violência do Estado. O principal objetivo é a luta por verdade e justiça de crimes cometidos pela polícia e agentes do Estado que indignamente não são julgados nem punidos por tais ações.
Formou-se em maio de 2006, mês em que aconteceram os "Ataques do PCC", assim denominado pela grande mídia. Como resposta aos ataques, a polícia promoveu uma das mais vergonhosas chacinas dentro de favelas e comunidades pobres, onde no mínimo 493 pessoas morreram como pequenos suspeitos de serem responsáveis ou ajudarem nos ataques. Dentre os mortos, mais de 400 jovens negros, afroindígenas, descendentes de pobres, executados sumariamente e que constam como desaparecidos ou apenas mortos.
Eram estudantes, trabalhadores, responsáveis e honestos, assassinados sem piedade alguma.
Assim como já aconteceu na Ditadura Militar no Brasil, os crimes de maio cometidos pela polícia permanecem impunes e arquivados. E o resultado? A polícia continuará matando, o governo e a mídia continuarão escondendo e os pobres continuarão morrendo.

"O que mais se pode dizer, que ainda não tenha sido dito, sobre as execuções sumárias praticadas por policiais e agentes do estado? Que mais se pode dizer quanto a violência policial voltada para os territórios da pobreza, moradores de favelas e periferias urbanas pobres?"
Por Angela Mendes de Almeida
(MOVIMENTO MÃES DE MAIO)

PELO DIREITO À MEMÓRIA, À VERDADE E À JUSTIÇA ONTEM E HOJE!
MÃES DE MAIO, MÃES DE SEMPRE!

Capa Zine Edição #07

Texto de Contra-Capa - Edição #06

(Sem título)

Enclausurada
na conduta programada
buraco cor-de-rosa
feminilidade artificial em verso e prosa
sou um útero sangrento
por enquanto sem um feto
unhas pintadas e face marcada
de tanto levar porrada
e a maquiagem borrada
de tanto chorar e não poder gritar
mas com bastante cachaça
quase tudo passa
menos a vontade de ter
a roupa mais nova que a moda for vender
mas pra me sentir mesmo bem
preciso de escovae chapinha também
pra transformar esse pixain
num cabelo bonito pro povo e pra mim
menina pra sempre
com ou sem produtividade no ventre
exímia dona de casa
submissa e prendada
a voz definitivamente baixa
executando as palavras ordenadas.

Por: Anônimo (São Paulo - SP)

Texto 4 - Edição #06

Mutilação Genital Feminina

Amutilação genital feminina (MGF) é uma prática cruel e dolorosa onde é retirada uma parte ou todo o órgao feminino, por exemplo: o clitóris e/ou os lábios vaginais. Existem vários tipos de mutilação genital com gravidades diferentes. Uma das práticas de maior gravidade chama-se INFIBULAÇÃO, que é a costura dos pequenos lábios vaginais ou do clitóris, deixando somente uma pequena abertura para a urina e a menstruação. Aproximadamente 15% das mutilações na África são infibulações.
A mutilação genital pode ser realizada em clínicas médicas, mas na maioria dos casos é feita pelas mulheres da própria comunidade com instrumentos como facas, cacos de vidro ou navalhas, e sem anestesia à vítima, que geralmente são crianças entre 4 e 8 anos, porém também são realizadas mutilações em mulheres adultas.
Alguns dos efeitos dessa prática são: infecções, pequenos tumores, causando desconforto e extrema dor. A infibulação pode ter efeitos mais longos e mais graves, incluindo: infecção na urina, pedras na vesícula e uretra, infecções no aparelho reprodutor devido a obstruções do fluxo menstrual e infertilidade, além de tornar as relações sexuais da vítima extremamente dolorosas. Durante o parto, o tecido cicatrizado existente nas mulheres mutiladas pode romper, e nos casos em que isso não acontece as grávidas infibuladas (como já citado: que têm os lábios vaginais fechados) têm de ser cortadas para deixarem espaço para a criança nascer. Depois do parto, tê de voltar a ser costuradas para assegurar o prazer dos maridos.
Muitas vezes são os pais que pagam ou iniciam a prática, para que as filhas possam casar com homens que não aceitariam mulheres não infibuladas ou que não tenham passado por algum outro tipo de mutilação genital.
Algumas culturas acreditam que os órgãos femininos são impuros e têm de ser purificados. Está prática é de caráter extremamente machista, já que só permite que os homens possam desfrutar do prazer sexual. E como se não bastasse, também se pensa que a mutilação desencoraja as mulheres a serem infiéis aos seus maridos, pela dor que sente no ato sexual.
Não se sabe ao certo quantas mulheres sofreram e sofrem esse tipo de agressão (acredito que podemos usar este termo, já que este ato causa dor física, humilhação e viola os direitos humanos), por conta do segredo em volta desta prática, mas estima-se que 135 milhões de mulheres tenham sido vítimas deste ato cruel no mundo inteiro.
Para elas é extremamente difícil manifestar-se contra, pois podem ser acusadas de rejeitar o seu próprio povo e sua identidade cultural.
A MGF é praticadana maioria dos casos na África, mas também é comum em certos países do Médio Oriente. Também acontece, devido a comunidades imigrantes, em certas regiões da Ásia e do pacífico, América do Norte, América Latina e Europa.

Texto 3 - Edição #06

Fevereiro! Época das chuvas de verão!

Passa a ser comum ver nos noticiários de televisão as enchentes e os desmoronamentos que acontecem frequentemente. Os apresentadores passam notícias de uma maneira como se realmente se importassem, quando na realidade para eles essa situação é indiferente, pois a mansão no Morumbi irá continuar intacta. Quanta hipocrisia!
Enfim, o tema abordado neste texto são as enchentes. Então vamos aos danos: trânsito parado, transbordamento de rios e córregos, velocidade reduzida e mais tempo de espera dos transportes públicos (incluindo metrôs e trens, que teoricamente eram para ser mais eficazes), enchentes nas próprias estações de metrô e trem, paralisação de aeroportos (por nível elevado de água na pista, entre outros motivos), queda de árvores dentro de casas e nas ruas, falta de energia elétrica, problemas com os semáforos (o que torna o trânsito mais problemático do que já é), desabamento de morros e casas, e as perdas de carros, de moradia e de VIDAS, entre outros milhares de danos não citados acima.
A cada enchente que acontece pessoas desaparecem ou morrem. Acordam no dia seguinte sem um lugar seguro para morar, ou acordam e se dão conta de que sua casa já não está mais lá.
Mediante a isso pergunto: E o governo? O que estão fazendo ou fizeram em prol dos seres humanos que sofrem com as enchentes?
Por estes dias tiver o (des)prazer em assistir uma entrevista na televisão, em um destes canais no qual o apresentador aparenta se importar com a população, com o Senhor Digníssimo (ou infelicíssimo) Prefeito Gilberto Ka$$ab. Nesta entrevista o apresentador pergunta ao Prefeito que providências estão sendo tomadas para evitar as enchentes ou reduzir os danos causados pelas mesmas em São Paulo, já que até o Rio Tietê tinha transbordado no dia anterior e tal fato não ocorria desde janeiro. O senhor Prefeito tem como resposta que as melhorias estão sendo feitas e que aproximadamente 300 homens estão trabalhando na limpeza de bueiros para não haver entupimento e consequentemente não alagar as ruas. Foi esta a sua resposta.
Pois então eu volto a questionar: o transbordamento dos rios, como por exemplo, o Tietê, Aricanduva e Tamanduateí vão se resolver somente com a limpeza de bueiros? O problema está somente na sujeira ou também na fakta de estrutura quando urbanizados? É claro que nós, cidadãos, temos que ter a consciência e contrubuir para a limpeza da cidade, pois o lixo também é causador de enchentes, mas não será só isso que irá solucionar todos os problemas causados pela chuva, mesmo porquê não é somente o transbordamento de rios e entupimento de bueiros que causam danos à cidade e à população. E os moradores reféns dos alagamentos? Terão um lugar seguro para morar onde não tenham que ficar desesperados em levantar móveis e eletrodomésticos para não perdê-los? E as pessoas que perderam seus veículos ou o que é pior, sua família, terão direito a alguma indenização? E as pessoas arrastadas pelas correntezas? Eos transportes públicos? É justo pagar o preço abusivo para esperar horas na plataforma até o trem/metrô chegar? Ou pegar aquele busão abarrotado de pessoas e ficar no trânsito mais de uma hora porque o semáforo não está funcionando ou porque a rua está alagada? E o trânsito de São Paulo, quando terá melhorias? Será que sempre que chover a cidade vai parar?
Realmente são muitas as perguntas a serem feitas. Mas quem irá responder?
O correto seria que o poder público nos desse justificativas e que agissem em prol de melhorias, pois o povo não aguenta mais ser vítimas de toda essa desgraça causada pela falta de planejamento do governo.
Será o Prefeito igual aos apresentadores dos noticiários? Finge que se preocupa, mas na realidade é só teatro, pis a mansão dele estará intacta e sem nenhum perigo de sofrer enchente.

Pois eu repito e acrescento: QUANTA HIPOCRISIA DO GOVERNO!

Texto 2 - Edição #06

Uma Jaca.

Não, não vou começar a ditar uma receita por aqui.

Esses dias chegou uma haca aqui em casa, sabem, fiquei realmente maravilhada com aquela fruta, pra não dizer um espetáculo.
Vocês já viram uma jaca? Aquela fruta é gigantesca! E ela não dá na terra, dá em árvore! Uma fruta daquele tamanho e peso pendurada por um cabinho que você olha e não dá nada.
E a aparência? Uma forma meio torta, com uns... uns... umas protuberâncias (?) estranhas...
O cheiro. O cheiro! Nossa, dá pra sentir a metros e metros de distância!
Um cheiro tão doce quanto o mel!
A melhor parte: o gosto. Inconfundível e indescritível, realmente a fruta é boa!
Tudo isso pra dizer que ajaca é bem parecida conosco, ou nós com ela, algo do gênero...
Já aconteceu de você ver uma pessoa pequena,magra, frágil e pensar: nossa, coitada, tão franzininha... Mas depois de conversar alguns minutos percebeu que aquela pessoa tem em si uma fortaleza incorporada. Ou então uma pessoa alta, fort, daquelas que você vê e pensa: Eita, essa aí deve ser uma jamanta de ignorante. Não passados 10 minutos você está combinando de encontrá-la no sábado que vem para irem juntos ao orfanato da cidade.
O mesmo acontece quando enfrentamos, ou estamos para enfrentar uma situação difícil. Perca de uma pessoa querida, o término de um relacionamento, necessidade de mudança no comportamento, etc. A primeira sensação que vem é o medo irracional e inconsciente que bloqueia e não nos deixa, de fato, raciocinar. O que poderia, e deveria ser analisado para que podéssemos enfrentar, crescer e evoluir é simplesmente ignorado, deixado de lado.
Ao julgarmos as pessoas pelas aparências, pelo que seu corpo ou jeito aparentam ser, deixamos de conhecê-las realmente: seu sabor, sua real essência. E quando julgamos uma situação necessariamente deixamos de viver, de crescer, de experimentar o novo e evoluir.
Na vida não temos tanto tempo a ponto de desperdiçá-lo, mas também não temos tão pouco tempo a ponto de deixar de viver e conhecer pessoas e situações como de fato são.

 

Texto 1 - Edição #06

Assediada, violada, desrepeitada.
Você enfrentou tudo sozinha.
Foi espancada, ofendida e estrupada,
chorou sempre sozinha.
Morou durante anos na casa dele,
seu suposto companheiro.
Aquele que te agride, que te machuca.
Aquele que faz você infeliz.
Aquele que te desmoraliza,
aquele que faz você chorar!
E você derrama lágrimas de sangue
por causa daquele que acredita ser seu dono,
que acredita ter alguma autoridade sobre você!
Você nasceu e cresceu com um sonho,
que se transformou em um pesadelo
e que agora você não consegue acordar!
Mas agora tudo está acabando
seu sofrimento, sua angústia, seus pesadelos
seus sonhos, a sua vida está indo embora
junto com o sangue que sai da ferida em você
feita por aquele que oprime você!

A atitude, a revolução e a mudança
começa por você, começa em você!
A pior coisa que se tem a fazer
é ficar calada e não fazer nada.
Vai e grite a todos que você está certa,
pois ninguém irá gritar por você!



Fanzine Edição #06